Homo ergaster

Como ler uma infocaixa de taxonomiaHomo ergaster
Ocorrência: 1,8–1,3 Ma
O
S
Pg
N

Estado de conservação
Pré-histórica
Classificação científica
Domínio: Eukariota
Reino: Animalia
Sub-reino: Metazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Infrafilo: Gnathostomata
Superclasse: Tetrapoda
Classe: Mammalia
Subclasse: Theria
Infraclasse: Placentalia
Superordem: Euarchontoglires
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Catarrhini
Superfamília: Hominoidea
Família: Hominidae
Subfamília: Homininae
Género: Homo
Espécie: H. ergaster
Nome binomial
Homo ergaster
( Groves & Mazak, 1975)
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Homo ergaster ou Homo erectus ergaster[1] é uma espécie de hominídeo descrita a partir de restos fossilizados encontrados em Swartkrans, na África do Sul, com uma idade estimada entre 1,8 e um milhão de anos. á grande disputa na comunidade científica sobre se o Homo ergaster é uma espécie em si, ou se a mesma deveria ser introduzida como uma subespécie do Homo erectus, com os defensores do H. Ergaster demarcando que as diferenças entre os fósseis encontrados na África e os da Ásia possuem diferenças significativas o suficiente para indicar uma espécie em si.

Similarmente ao seus antepassados na Garganta de Olduvai, o Homo ergaster possuia grande aptidão na criação e uso de ferramentas, sendo capaz de meticulosamente transformar lascas de rocha em “machados de mão” com bordas afiadas que podiam ser usadas para uma variedade de tarefas. Tal capacidade, assim como seu possível domínio sobre o fogo, ajuda a explicar sinais de fósseis que indicam uma expansão do Homo ergaster para a Eurásia, começando a exploração de novas terras e a chegada desta espécie de hominíneo a climas nunca antes vistos

O Primeiro Ancestral do Gênero Homo

O Homo ergaster persistiu por aproximadamente 1.2 milhão até cerca de 250 mil anos atrás.

Foram os primeiros hominídeos a deixarem a África - fósseis foram encontrados no Oriente Médio e no Extremo Oriente (Java e Pequim), estes últimos receberam outros nomes:

Eram bípedes e tinham um cérebro estimado entre 900 cm³ e 1100 cm³, com uma abóbada craniana mais abaulada que os H. sapiens, uma acentuda micrognatia (mandíbula recuada e "sem" mento) e caracteristicamente um supercílio bastante proeminente.

Indícios fósseis sugerem a manipulação do fogo, com fogueiras de acampamentos há pelo menos 1,5 milhão de anos.

O mais completo fóssil do Homo ergaster encontrado até o momento é o "Menino de Turkana", achado no Quênia, na África, às margens do Lago Turkana, e datado de 1,5 milhão de anos.[2]

A melhor tradução para Homo ergaster seria Homem Trabalhador, o que lhe cai bem visto que confeccionou muitos artefatos de pedra com características mais elaboradas que seus predecessores.

A análise do esqueleto do "Menino de Turkana" mostra que esta foi a primeira espécie humana a colonizar ambientes quentes e áridos na África, o que pode explicar parcialmente por que o menino de Turkana tinha a formação semelhante à de um habitante da África equatorial do leste, com corpo magro e membros longos, de modo a ser eficiente na dissipação de calor, tal como se observa com os atuais povos Massai.

O Ergasto, como prefere chamar R. Dawkins, tem seu lugar especial na longa peregrinação dos nossos ancestrais pelo fato de ser o aventureiro ao deixar a África para explorar o desconhecido, e por trazer consigo as primeiras características verdadeiras do esqueleto que formará os Homo sapiens.

Descoberta

A descoberta do Homo Ergaster é muito importante na paleoantropologia, revelando mais uma etapa da evolução humana. Em 1971, foi encontrado um crânio notável em Koobi Fora (Quênia) por Bernard Ngeneo, membro da equipe de Richard Leakey. O crânio ficou conhecido como KNM-ER 3733, datado de cerca de 1,75 milhões de anos atrás. Entre as características que chamaram atenção neste fóssil estão uma face menos prognata e uma capacidade craniana de aproximadamente 850 cm³.

Em 1984, outra grande descoberta foi feita também no Quênia, desta vez em Nariokotome. Kamoya Kimeu, também da equipe de Richard Leakey, fez a descoberta. Um esqueleto juvenil quase completo, datado de cerca de 1,6 milhões de anos, conhecido como "Garoto de Turkana" (KNM-WT 15000). Este esqueleto se tornou muito famoso porque revelou informações valiosas sobre o Homo Ergaster. Entre estas; morfologia, crescimento e desenvolvimento do Homo ergaster, revelando uma estrutura corporal esbelta e bípede, semelhante à dos humanos modernos.

Anteriormente na Tanzânia, na Garganta de Olduvai, outro crânio de Homo Ergaster (OH 9) já havia sido encontrado por Louis Leakey e sua equipe. Inicialmente esse fóssil foi atribuído ao Homo Erectus, todavia depois foi corretamente catalogado como pertencente ao Homo Ergaster. Essa descoberta sugere que essa espécie pode ter se dispersado para fora da África.

Essas descobertas ajudaram a sedimentar o Homo Ergaster como um ser distinto do Homo Erectus, uma importante descoberta paleontológica.

Anatomia

O Homo Ergaster possui um dos fósseis de esqueletos mais completos entre todos os hominíneos, denominado “Garoto de Turkana”. Este fóssil permite fazer diversas análises sobre a estrutura corporal da espécie, tornando seu valor inestimável para a paleoantropologia.

Por certas características do cránio e formato da pelvis foi possível determinar que o esqueleto pertencia há um membro do sexo masculino, enquanto a composição dos óssos e dentes provou que o mesmo ainda não havia atingido a maturidade. O esqueleto mostrava que o jovem atingia ~1,62 no momento de sua morte, sendo estimado que ele poderia atingir ~1,82m em sua altura plena. Outro fato notável é que seus braços não eram mais longos que suas pernas e que a forma de seu torso era mais próxima da encontrada nos seres humanos modernos, enquanto seu crânio demonstrava uma estrutura facial diferente da moderna, possuindo também um volume cranial pouco maior que o encontrado em espécimes de Homo Habilis.

Crânio

O Homo Ergaster possui aproximadamente três exemplos fósseis de crânios e nove maxilares incompletos, com todos sendo encontrados em diferentes pontos da África, predominantemente na área da Turkana.

Dentre os espécimes de crânios encontrados, todos demonstraram caixas cranianas pequenas, com volume médio de aproximadamente 900 cc. O volume cerebral apresenta pouco aumento com relação a seus antepassados, porém se demonstrou suficiente para o uso de ferramentas complexas como o fogo e pedras deliberadamente lascadas em padrões específicos. Tal volume se dá, morfologicamente, por caixas cranianas longas e achatadas, com ossos particularmente grossos. Sua face apresentava uma testa que recuava fortemente ao topo do crânio, também se conectando com uma crista ocular proeminente e nariz que se projetava significativamente sobre a face, além de apresentar narinas voltadas para baixo, uma diferença notável das espécies anteriores de hominínios.

Tais características permitem fazer algumas suposições sobre as adaptações do Homo Ergaster ao ambiente em qual se encontrava. Primeiramente, a projeção nasal nos humanos se demonstra significativamente mais fria que o resto do corpo, o que permite que umidade se condense dentro da cavidade nasal, minimizando a perda de água durante atividades físicas, o que seria essencial para a sobrevivência no continente africano. Também é possível especular que o H Ergaster havia sido o primeiro ancestral humano com pele predominantemente sem pelos, ja que a diminuição da cobertura corporal permitiria uma troca de calor muito mais eficiente através do suor, que permitiria que a temperatura corporal do indivíduo se mantivesse baixa o suficiente para a sua sobrevivência  

Corpo

O Homo Ergaster demonstrava tamanho significativamente maior que hominineos mais antigos, o que salienta ainda mais a peculiaridade de seu volume cerebral. Tal estatura pode ter sio uma adaptação ao ambiente onde se encontrava, permitindo melhor locomoção e permitindo maior gama de alimentos em sua dieta. Seus braços eram significativamente menores que suas pernas, mostrando uma forte indicação que a espécie era totalmente bípede e não precisava utilizar de árvores para abrigo e alimentação. Tal característica pode ser parte do motivo das características do torso presentes na espécie, com a caixa torácica se expandindo para acomodar pulmões que haveriam sido afetados pela mudança do quadril gerada pelo bipedalismo. Além disso, membros longos e finos, assim como um tronco mais magro permitiriam uma troca de calor mais eficiente com o ambiente, pois o volume corpóreo diminui mais rapidamente que a área de tal, o que ajuda a regulação da temperatura corporal.

Dieta

O H. ergaster tinha um corpo e cérebro maiores que seus ancestrais, o que poderia sugerir necessidades energéticas aumentadas. Contudo, seu intestino menor indica que sua dieta era mais fácil de digerir, composta por alimentos de maior qualidade, como carne e gordura animal. Isso teria permitido mais energia para o crescimento cerebral sem aumentar significativamente as necessidades energéticas. O H. ergaster provavelmente caçava e consumia mais carne que os australopitecinos, mas também necessitava de outras fontes alimentares como sementes, mel e tubérculos. O uso de ferramentas era essencial para processar esses alimentos antes do consumo, dado o menor tamanho de suas mandíbulas e dentes.

Estrutura Social

H. ergaster vivia na savana africana do Pleistoceno, uma área com muitos predadores, o que exigia comportamentos eficazes de defesa. Provavelmente viviam em grandes grupos e usavam ferramentas de pedra e madeira. Como chimpanzés e babuínos da savana, H. ergaster formava grupos multi-macho para defesa contra predadores, sugerindo comportamento social semelhante. Estima-se que os grupos de H. ergaster variavam de 91 a 116 indivíduos. O comportamento social cooperativo e a defesa contra predadores evoluíram em H. ergaster, que pode ter sido o primeiro primata a ocupar o nicho de caçador-coletor social. Caçavam em grupos e compartilhavam carne, fortalecendo laços sociais e possivelmente levando a vínculos monogâmicos. A única evidência direta vem de pegadas em Ileret, Quênia, indicando grupos compostos por machos, sugerindo uma divisão de tarefas entre machos e fêmeas

Tecnologia

Os primeiros H. ergaster herdaram a cultura de ferramentas Olduvaienses e rapidamente desenvolveram ferramentas maiores e mais complexas, marcando o início da cultura Acheuliana cerca de 1,65 milhões de anos atrás. As ferramentas acheulianas, como os machados de mão, tinham formas deliberadas, ao contrário das ferramentas Olduvaienses. A habilidade de lascar grandes fragmentos de pedras maiores permitiu a criação dessas ferramentas. Os machados de mão acheulianos variavam em forma e tamanho, servindo para diversas funções, incluindo caça e açougue. Alguns machados de mão grandes e sem uso aparente podem ter sido usados como símbolos para atrair parceiros, embora essa teoria seja especulativa e sem muitas evidências. Variabilidades na morfologia das ferramentas ao longo do tempo provavelmente resultaram de vários fatores.

Expansão para fora da África

O Homo erectus foi tradicionalmente considerado o primeiro hominídeo a deixar a África para colonizar a Europa e a Ásia, mas se a hipotese de que o H. ergaster e o H. erectus são espécies distintas for correta, há evidências que indicam que esse papel passaria então ao H. ergaster. As evidências fósseis do Pleistoceno Inferior são escassas, dificultando a determinação de quando e qual Homo apareceu primeiro fora da África. Fósseis de H. erectus no leste da Ásia indicam que uma espécie humana, provavelmente H. ergaster, deixou a África a mais de 1 milhão de anos, com algumas descobertas sugerindo que essa migração ocorreu a cerca 2 milhões de anos.

A principal razão para essa migração foi o aumento populacional, e a fisiologia e tecnologia aprimoradas do H. ergaster facilitariam essa expansão. Não está claro se apenas ele era capaz de tal migração, já que os australopitecos poderiam também ter se expandido para fora da África antes disso.

Fósseis fora da África, como os crânios de Dmanisi na Geórgia e os fósseis de Java, mostram que o H. ergaster pode ter migrado já há 1,7–1,9 milhões de anos. A descoberta de ferramentas de pedra na China, datadas de 2,12 milhões de anos, sugerem uma migração ainda mais antiga. Algumas hipóteses propuseram que o gênero Homo evoluiu na Ásia e depois retornou à África, mas essa ideia perdeu força com a descoberta de fósseis de H. ergaster/H. erectus na África datados de cerca de 2 milhões de anos, antes de quaisquer fósseis asiáticos conhecidos.

Ver também

Referências

  1. Noel T. Boaz, Russell L. Ciochon, Dragon Bone Hill: An Ice-Age Saga of Homo erectus, Oxford University Press (2004).
  2. Welker, Barbara Helm (13 de junho de 2017). «28. Homo ergaster». Open SUNY Textbooks (em inglês). Consultado em 7 de dezembro de 2020 

Bibliografia

  • The Dawn of Human Culture (A Bold Theory on What Sparked the "Big Bang"of Human Consciousness)- Richard Klein and Blake Edgar, 2002.
  • The Ancestor's tale - A pilgrimage to the dawn of life - Richard Dawkins, 2004.
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